16 April, 2006

O coração tem razões que o própria razão desconhece...

Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para enfrentarmos juntos o terror da morte

Para ver a verdade, para perder o medo

Ao lado dos teus passos caminhei



Por ti deixei meu reino meu segredo

Minha rápida noite meu silêncio

Minha pérola redonda e seu oriente

Meu espelho minha vida minha imagem

E abandonei os jardins do paraíso



Cá fora à luz sem véu do dia duro

Sem os espelhos vi que estava nua

E ao descampado se chamava tempo



Por isso com teus gestos me vestiste

E aprendi a viver em pleno vento.



Por Sophia de Mello Breyner Andresen



Sei que este poema é um dos teu favoritos. Eu não te quero dizer adeus, não quero deixar de fazer parte de ti. Mostraste-me o bom e o mau, a alegria e a loucura que existe dentro de mim.. Mas agora mostras-me outra faceta que eu conhecia em mim mas que preferia que continuasse bem no fundo do meu ser.. A raiva, o ódio, o medo de te perder.. é mais forte que eu. Não consigo dormir desde sexta-feira à noite, desde que me desligaste o telefone na cara. Doem-me os olhos, a garganta está rouca, a minha almofada tem o sabor do sal das minhas lágrimas.. Não sei mais que te dizer, sinto um vazio enorme no peito como há muito não sentia. Não sei se te lembras, mas foste tu quem preencheu esse vazio há muito tempo atrás quando outro alguém arrancou esse pedaço de mim.

Como não me atendes o telefone nem respondes às minhas mensagens, achei que talvez esta seria uma boa maneira de tentar falar contigo.. Não sei, parece que estou sempre a meter o pé na argola.. Só quero que saibas que estou aqui se precisares de mim. Sempre.

Amo-te.

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