31 March, 2006

Bom dia

Hoje de manhã estava sentada sozinha num banco à espera do comboio, como de costume, em Sete Rios. Não que tivesse aulas hoje, mas precisei de ir à faculdade entregar uns trabalhos. Já estava há algum tempo sentada, a ler um livrito, quando de repente noto um movimento no canto do olho. Era alguém que provavelmente se ia sentar no mesmo banco. Por mim tudo bem. Não sou daquelas pessoas de ficar com uma carinha de enjoada só porque alguém se resolve sentar no mesmo banco que eu. Mas pronto... A pessoa lá se sentou e eu continuava a ler, muito absorta naquela parte em que o personagem principal subitamente tem uma revelação estrondosa.

-Bom dia.

Eu ouvi qualquer coisa? Nah.. Não, não. Ouvi mesmo. E assim como quem não quer a coisa lá levantei o olhar das páginas do livro. O que vi foi bastante... preenchedor, à falta de palavra melhor.

A rapariga estava com um sorriso delicado, via-se que não era forçado. Eu fiquei assim um bocado aparvalhada, de certeza! Não por isso claro, mas pelo facto desta desconhecida me ter saudado como se me conhecesse de sempre. Em Lisboa, isso é raro. Muito raro.

Eu retribui o cumprimento. Bom dia, disse eu assim meio envergonhada de soslaio. Ela esboçou um sorriso e eu senti qualquer coisa dentro de mim. Parecia que o meu coração tinha aumentado um bocadito dentro da caixa toráxica, tipo como no filme do Grinch (se não viram, vejam) e sorri para mim mesma. Ela então voltou-se para o ecrã com os horários dos comboios e eu, para o livro.

Continuamos sentadas em silêncio. Daí a 3 minutos, o comboio dela chegou. Eu disfarcei que estava a ler enquanto a vi partir.

Muito provavelmente, nunca mais me vou cruzar com ela (ou talvez sim?) pensei eu.

Não sei o nome dela, nem de onde é. Só queria poder agradecer-lhe pelo bom dia que me deu.
Porque o meu dia realmente correu bem.
Graças a ela.

Onde quer que estejas, rapariga do comboio, obrigada. :)

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