19 February, 2006

A minha vida

A minha vida não se tornou naquilo que eu estava à espera. Eu era uma rapariga que adorava música aos berros, longas conversas telefónicas e dormir até tarde. Entrei neste mundo como uma criança de olhos bem abertos, fascinada com todas as suas pequenas novas surpresas. Mas agora sinto-me muito diferente - triste, muito triste. Mas há uma certa beleza na mágoa. Apercebo-me disso agora. Se não houvesse mágoa no Mundo, também não haveria compaixão. Chego agora ao ponto de acreditar que não há amor para mim neste Mundo.

Acordo todos os dias de manhã, desejando, esperando. De certo modo, sou única à minha maneira. Mas ainda sou humana.

Muitas vezes sonho que estou a voar, a olhar para baixo, para o Mundo e a deixá-lo com os seus problemas. O ar dança à volta do meu corpo e do meu rosto, transmitindo uma falsa sensação de calma. Sou livre como uma pantera, sinto a Terra a mover com cada movimento das minhas poderosas garras. Sou nocturna e secreta, mas não tenho medo do dia. Não tenho medo de nada. Sou a caçadora, não... Sou a presa.

Sou um tubarão. Nado por entre as águas azul metalizadas observando, esperando, perseguindo. Sou intocável. Sou temida por aqueles que estão abaixo das águas.

Sou tudo isto e muito mais na minha mente e no entanto não o sou. Sou um simples ser humano sem um propósito real para viver. Sou um peão neste jogo que chamamos Vida. Todos os dias sou confrontada com problemas e todos os dias me torno cada vez mais apática. Mas eu já aprendi a disfarçar isso.

Sonho com Amor e um lugar onde exista. Sou única mas, para sempre e todo o sempre, estou só. Estarei sempre só.

Entrei neste Mundo acreditando nisto e partirei com a mesma crença. Alguns dizem que sou utópica, outros assumem que sou louca. Nunca conheci o verdadeiro amor e tenho as minhas dúvidas se alguma vez conhecerei. Ignoro por completo os espécimes masculinos. Prefiro o conforto do meu quarto, o meu santuário. Tento alcançar os que estão à minha volta mas quem liga ao que eu digo? Sou diferente, logo sou ignorada.

As pessoas discutem porque acham que as suas crenças estão certas. Estão mesmo? Porquê? As possibilidades são imensas. Começo a acreditar que Deus é uma possibilidade, não um rosto familiar. As pessoas dizem "Deus está sempre connosco" ou "Deus trabalha de maneiras misteriosas". Estarão elas a arranjar desculpas? Não acho que se deva culpar Deus pelo estado em que eu estou. É o resultado das decepções emocionais dos outros e da ganância. O que faz dos humanos uma raça tão superior?

Quando as populações animais se tornam demasiado grandes, nós matamo-las impiedosamente,a humanidade está sobre-povoada. Por acaso andamos praí a matarmo-nos uns aos outros? Bem... é melhor nem responder.

Somos maus? O que é o Mal? Podemos defini-lo? A humanidade regozija-se como se soubesse tudo e mais alguma coisa mas não sabemos nada e duvido que alguma vez o saibamos. Nós metemo-nos nestas situações e cabe-nos a nós sair delas. Eu no entanto, não consigo sair so pesadelo em que vivo.

O Tempo tem uma importância decisiva desde o momento em que nascemos. Permite-nos crescer. Vamos à escola, procuramos emprego, apaixonamo-nos, casamo-nos e temos filhos, O Tempo deixa-nos fazer tudo isto. O Tempo é como um amigo, mas só durante algum tempo.

Então, o que fazes quando já não queres viver?
Mas não estás pronto para morrer ainda?
O que fazes quando a vida que levas
não passa de uma mentira?
O que fazes quando estás tão só
que parece que não há mais ninguém?
O que fazes quando cais do precípicio
e não há ninguém para te agarrar?
O que fazes? Quem chamas?
Quando nem Deus se parece importar?

Então, que fazes?
Fazes o mesmo que eu: escapas.

Já não suporto este tormento.

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